Na Parte 1 e Parte 2 você pode ver a lista dos 20 primeiros vieses, de um total de 50 que vamos resumir nesta série.
Vamos conhecer um pouco mais sobre estes 10 vieses:
Reactance: fazemos exatamente o oposto do que afirmamos, em especial, quando percebemos ameaças à liberdade individual. Eu me recuso a seguir uma regra, simplesmente porque ela existe; se não existisse, talvez eu faria sem questionar.
[Coordenadora do Projeto] - Boa notícia pessoal; você insistiram tanto que conseguiram me convencer que devemos abolir as reuniões às sextas. Então, a partir da próxima semana, esta regra está valendo;
[Eu] - Opa… peraí! E se o time decidir fazer uma reunião em alguma sexta?! Não vamos poder fazer? É isso…?
[Coordenadora do Projeto] - ? 🤦♀️Confirmation Bias: um viés clássico e que podemos perceber diariamente. Temos uma tendência de buscar e trazer à tona, informações (ou pedaços dela) que nos ajude a confirmar nossas opiniões ou percepções.
Em tempos atuais, de posições muito polarizadas - que também podem ser vistas em ambientes de trabalho -, este viés é utilizado para suportar sua posição ou opinião, que está longe de ser “neutra”.
Estes, certamente, é um dos vieses mais estudados e tem alto impacto nos relacionamentos pessoais e profissionais.
Em uma entrevista, por exemplo, temos a tendência de “reprovar” qualquer candidato/a que não professar a nossa "crença".
[Candidate] - blá, blá, blá…
[Eu pensando 🤔] - “humm… eu não acho que esta não seria a melhor abordagem para a condução de um projeto ágil…”
[Candidate] - blá, blá, blá…
[Eu pensando 🤔] - “ooops…. eu não daria uma notícia ruim para o time desta forma…"Backfire Effect:…ou “tiro pela culatra", este viés faz com que as pessoas, ao serem confrontadas com evidências que desmontam ou desmentem suas teorias, se apegam ainda mais ao seu negacionismo.
É, basicamente, uma especialização ou um tipo do viés anterior, o Confirmation Bias. Se você precisa negociar e percebe este viés na outra parte, “bater de frente”, definitivamente não ajuda, pelo contrário, só reforça o confronto.Third-person effect: achamos que apenas os outros, e não nós, são afetados pela chamada mass media ou “mídia de massa". E esta nossa crença é baseada em nossos próprios preconceitos. Uma frase típica:
Está na cara que você sofreu lavagem cerebral.Belief Bias: julgamos que um argumento nosso é forte o suficiente, na medida que ele - o argumento -, ajuda a minha conclusão. Se o argumento faz sentido, fica como uma questão de segunda ordem.
Saber identificar isso permite você colocar uma “lupa” no argumento e não na conclusão, permite desmontar a “lógica” de partir de uma premissa errada ou fraca e tentar chegar a conclusão absurda, como neste exemplo:
- Em alguns contextos muito específicos, guerras são justificadas;
- Em algumas guerras temos a ocorrência de estupros de mulheres;
- Logo, alguns estupros são justificados.Availability Cascade: uma necessidade de aceitação por um grupo nos leva a acreditar em dogmas, “lendas urbanas” e, como um grupo - ex. time comercial, a equipe de gestão de projetos etc. -, repetimos estas “verdades” para reforçar as crenças do nosso grupo.
Nosso CTO falou que arquitetura serverless e utilização de microserviços é o futuro e que, na medida do possível, devemos adotar nos novos projetos. Eu acompanho algumas pessoas no Twitter que também afirmam isso. Eu não estudei com detalhes estas abordagens, mas devemos considerá-las.Declinism: o velho e chato “bom era no meu tempo". Declinism é a crença que o mundo e a sociedade estão piorando. Temos sempre um olhar positivo e até saudosista do passado (ainda estou nele?), e de “copo meio vazio”, ou com viés negativo, para o presente.
Status Quo Bias: "vamos deixar as coisas como estão, dá muito trabalho mudar" ou "não se mexe em time que está ganhando". As coisas como estão são as nossas referências e, qualquer mudança neste status quo, é percebida como uma perda. A mudança, ou as opções disponíveis à frente, são alternativas piores - ou inferiores - quando comparadas à situação atual.
Regret avoidance ou prevenção do arrependimento é um conceito relacionado:
“tendemos a lamentar mais as consequências negativas resultantes de uma ação do que as consequências semelhantes resultantes da inação. Isso contribui para o viés do status quo, pois reforça a noção de que aderir ao status quo é a coisa segura a fazer, pois é menos provável que leve a fortes sentimentos de arrependimento."1Sunk Cost Fallacy: uma tendência - não muito racional - de insistirmos em um projeto, investimento, empreendimento, independente se os custos atuais e futuros irão ou não superar os benefícios. Se já investi tanto esforço e dinheiro, porque eu pararia agora?
Com muita antecedência você compra um ingresso para aquela banda de rock que raramente vem fazer um show aqui. No dia do evento ocorre uma situação familiar muito delicada que exige sua presença e atenção. Você insiste em ir no show, mesmo sabendo das consequências pessoais, simplesmente porque já pagou pelo ingresso.Gambler's Fallacy: ou “Falácia de Monte Carlo", nós achamos que os eventos futuros, ou melhor, as possibilidades, são afetados pelos acontecimentos do passado. Tão falso como o histórico mais positivo do que negativo de um apostador, não garante um novo prêmio na aposta seguinte.
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Viés Cognitivo - Parte 4
Viés Cognitivo - Parte 5